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Dr Rui Cintra

Fisioterapeuta

 

Dr Rui Cintra

A fisioterapia na gestão da Covid longa

HPA Magazine 17


A COVID Longa foi definida como a presença de sinais e sintomas que se desenvolvem durante ou após a infeção pela COVID-19 e que persistem por 12 ou mais semanas. Habitualmente a doença é classificada como aguda quando os doentes mantêm sintomas até 4 semanas e subaguda se persistem até 12 semanas. Atualmente já se pode afirmar de forma robusta que um em cada dez doentes de COVID irá apresentar sintomas por um período de 12 ou mais semanas.


A fisioterapia na gestão da Covid longa


 

Os sintomas mais frequentes após os seis meses são cansaço extremo (fadiga), problemas com a memória e concentração e agravamento dos sintomas pós-esforço, sendo que cerca de 75% dos doentes refere estas manifestações. Na presença de atividade os doentes referem exaustão, confusão mental, dor, falta de ar, palpitações, febre e distúrbios de sono, que se podem estender após o esforço por um período entre 12 e 48 horas e, em alguns casos durar mesmo dias ou semanas.
A Fisioterapia poderá ter um papel preponderante no acompanhamento destes doentes, mas deve ser prescrita de forma criteriosa e focada os seguintes objetivos: prevenir a dessaturação de oxigénio durante o esforço, ajudar na presença de frequência respiratória muito aumentada e/ou de desconforto respiratório.
A proposta terapêutica de exercício progressivo não deve ser utilizada quando existir exacerbação dos sintomas após esforços, devem ser privilegiadas atividades curtas e períodos de descanso mais frequentes, tendo em vista a conservação de energia.
 

 

O Fisioterapeuta tem outras estratégias para os doentes de COVID Longa, nomeadamente no processo de aprendizagem na gestão da energia utilizada durante o dia nas várias atividades - aprender a preservar a reserva energética – e, também ajudando o doente a construir um diário de atividades e sintomas.
Este diário é um instrumento fundamental, pois baliza o doente no que respeita ao volume de atividades e de sintomas diários, tendo como “referência máxima” um dia bom e como “referência mínima” o que consegue fazer num dia mau.
Deve ser reforçada a importância das pausas durante as atividades, sendo que estes momentos devem ocorrer antes de sentir cansaço. Este processo exige aprendizagem e perceção do corpo e das suas respostas.
Fundamental ainda é saber reconhecer os sinais iniciais da exacerbação dos sintomas pós-esforço e PARAR imediatamente, sem tentar exceder limites, DESCANSAR e CONTROLAR as atividades diárias, cognitivas e os seus sintomas. É de extrema Importância saber definir tarefas prioritárias, planear os períodos de ocupação e descanso, graduar a exigência das atividades e sobretudo desfrutar cada dia.
Uma referência simples para monitorizar o esforço passa por medir a frequência cardíaca ao acordar; durante as atividades esta não deve exceder os 15 batimentos acima do valor basal medido ao acordar.